7 de mar. de 2016

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Por que 8 de março é o Dia Internacional da Mulher?

As hisrias que remetem à criação do Dia
Internacional da Mulher alimentam o
imaginário de que a data teria surgido a partir
de um incêndio em uma fábrica têxtil de Nova
York em 1911, quando cerca de 130 operárias
morreram carbonizadas. Sem dúvida, o
incidente ocorrido em 25 de março daquele
ano marcou a trajetória das lutas feministas
ao longo do século 20, mas os eventos que
levaram à criação da data são bem anteriores
a este acontecimento.
Desde o final do século 19, organizações
femininas oriundas de movimentos operários
protestavam em vários países da Europa e
nos Estados Unidos. As jornadas de trabalho
de aproximadamente 15 horas diárias e os
salários medíocres introduzidos pela
Revolução Industrial levaram as mulheres a
greves para reivindicar melhores condições de
trabalho e o fim do trabalho infantil, comum
nas fábricas durante o período.
O primeiro Dia Nacional da Mulher foi
celebrado em maio de 1908 nos Estados
Unidos, quando cerca de 1500 mulheres
aderiram a uma manifestação em prol da
igualdade econômica e política no país. No
ano seguinte, o Partido Socialista dos EUA
oficializou a data como sendo 28 de fevereiro,
com um protesto que reuniu mais de 3 mil
pessoas no centro de Nova York e culminou,
em novembro de 1909, em uma longa greve
têxtil que fechou quase 500 fábricas
americanas.
Em 1910, durante a II Conferência
Internacional de Mulheres Socialistas na
Dinamarca, uma resolução para a criação de
uma data anual para a celebração dos
direitos da mulher foi aprovada por mais de
cem representantes de 17 países. O objetivo
era honrar as lutas femininas e, assim, obter
suporte para instituir o sufrágio universal em
diversas nações.
Com a Primeira Guerra Mundial (1914-1918)
eclodiram ainda mais protestos em todo o
mundo. Mas foi em 8 de março de 1917 (23
de fevereiro no calendário Juliano, adotado
pela Rússia até então), quando
aproximadamente 90 mil operárias
manifestaram-se contra o Czar Nicolau II, as
más condições de trabalho, a fome e a
participação russa na guerra - em um
protesto conhecido como "Pão e Paz" - que a
data consagrou-se, embora tenha sido
oficializada como Dia Internacional da Mulher,
apenas em 1921.
Somente mais de 20 anos depois, em 1945, a
Organização das Nações Unidas (ONU)
assinou o primeiro acordo internacional que
afirmava princípios de igualdade entre
homens e mulheres. Nos anos 1960, o
movimento feminista ganhou corpo, em 1975
comemorou-se oficialmente o Ano
Internacional da Mulher e em 1977 o "8 de
março" foi reconhecido oficialmente pelas
Nações Unidas.
"O 8 de março deve ser visto como momento
de mobilização para a conquista de direitos e
para discutir as discriminações e violências
morais, físicas e sexuais ainda sofridas pelas
mulheres, impedindo que retrocessos
ameacem o que já foi alcançado em diversos
países", explica a professora Maria Célia
Orlato Selem, mestre em Estudos Feministas
pela Universidade de Brasília e doutoranda em
História Cultural pela Universidade de
Campinas (Unicamp).
No Brasil, as movimentações em prol dos
direitos da mulher surgiram em meio aos
grupos anarquistas do início do século 20,
que buscavam, assim como nos demais
países, melhores condições de trabalho e
qualidade de vida. A luta feminina ganhou
força com o movimento das sufragistas, nas
décadas de 1920 e 30, que conseguiram o
direito ao voto em 1932, na Constituição
promulgada por Getúlio Vargas. A partir dos
anos 1970 emergiram no país organizações
que passaram a incluir na pauta das
discussões a igualdade entre os gêneros, a
sexualidade e a saúde da mulher. Em 1982, o
feminismo passou a manter um diálogo
importante com o Estado, com a criação do
Conselho Estadual da Condição Feminina em
São Paulo, e em 1985, com o aparecimento
da primeira Delegacia Especializada da
Mulher.